sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Insensato Coração

Fiz este texto para fazer no palco, como stand up, mas como novela tem prazo de validade, mesmo sem ter apresentado vou publicar aqui, ja que amanha ninguém mais vai falar dessa novela e sim da outra, pois essa é a mania do brasileiro, acompanhar e cuidar da vida dos outros, mesmo que seja pela novela. Espero que gostem.

Insensato Coração está chegando ao fim. Uma pena. Poucas novelas me divertiram tanto quanto essa novela, mesmo apresentando uma série de particularidades. Por exemplo:

O pessoal que seleciona elenco do Insensato Coração deve ter conseguido um preço bom pelo carcereiro. Devem ter combinado um pacote. "Quanto você cobra pra tomar conta de todos os presos da novela?" Ele deve ter feito um preço camarada e ainda trouxe um figurante com cara de mau pra espancar quem não concordasse. "O que eu conseguir por fora com os presos é meu" Foi assim que fecharam o negócio. Os produtores ainda pensaram numa sala de tortura com o Biafra, mas o Bradesco pagou mais e levou.

Economia. Vivemos em tempos de crise. A novela inteira deve ter sido feito na base da economia. A cidade da novela parece o banco imobiliário. Tem um negócio de cada. Uma cadeia, um carcereiro, um flat, onde mora todo mundo, parece o Balança mas não cai. Um restaurante, uma lanchonete, um shopping, Tudo do Grupo Drumond. Uma boate que toca a mesma musica desde que a novela começou, a única musica diferente que toca é quando vai algum artista fazer um show beneficente. Em pleno Rio de Janeiro ninguém vai à praia, mas vai à Lagoa, correm na lagoa, se encontram na Lagoa, moram em frente a Lagoa. Praia é coisa de viado, por isso mesmo o quiosque da Suely é na praia. Eles defendem que não se deve ter preconceito contra homossexuais, mas qual é o único lanche que eles vendem no quiosque? Cachorro quente. E ainda deve ter aquelas opções “com uma ou duas salsichas senhor?

Depois do Lula não tem mais favela em novela. Núcleo pobre de novela das 8 mora em lugar de classe média. O Horto, onde todo mundo sabe da vida de todo mundo. Lugar pra onde ia quem chegava e não tinha onde morar. A Fabíola sempre tinha um quartinho sobrando. Só no Horto a empregada mora no mesmo prédio da madame, a presidente da liga da família carioca, a Eunice. E a Eunice? De onde veio um demônio daqueles? Meu Deus!! Reparem, ela não tem motivo pra ser daquele jeito. A mãe é uma tonta, as filhas são honestas, trabalhadeiras, o marido é um banana, quase um bosta. Ela deve ter sido adotada. E é burra né? Paga pra transar com um motoboy safado. Motoboy é foda, todo mundo sabe. Sem dar passagem eles já abusam, imaginem dando a bunda o que eles não fazem. Tem também o bar do Gabino, lugar onde se vai quando se quer comer uma comida boa e o restaurante do shopping está fechado. Os bolinhos da Fabíola são a sensação do lugar. Se eu fosse a Sadia eu lançava os “Bolinhos da Fabíola, a única coisa da Fabíola que o Gabino consegue comer”. Esse Gabino é um tonto mesmo.

Na vida real a maioria das pessoas se casa para construirem uma familia, serem felizes, menos Pedro e Marina. Casaram com o objetivo de prender o Léo. Não pagam uma prestação, não vão num cinema, não brigam com a empregada. Eles almoçam e jantam Léo. Cacete!

Se o Cortez é um banqueiro ladrão e assassino o lado assassino é o Rubem. Ele arrumou o carro da mulher do Cortez pra ela morrer, botou fogo no lugar onde estava o carro pra ninguém ver a sabotagem, levou uma turma pra roubar o navio, matou uns 3, 4 pela novela, tirou o Cortez da cadeia com helicóptero, ameaçou a Natalie. Não me admira nada se descobrirem que quem matou Salomão Hayala foi o Rubem.

Se voce não acompanha a novela e não está entendendo nada, pergunte ao pipoqueiro do Horto, este sim sabe de tudo.

2 comentários:

Tainá Arzani disse...

Adorei as observações, muito criativo e engraçado!

Rogerio Mendes disse...

OTIMO!!!!!